Marcinho Palmeirense: O Medo - Carlos Drummond de Andrade

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São Carlos, São Paulo, Brazil
Meu nome é Márcio M. Pasquali(Marcinho Palmeirense)tenho 23 anos. Sou portador de Amiotrofia Espinhal Progressiva (AME), uma doença genética que afeta as células nervosas motoras da medula espinhal,Sou cadeirante,mas N me considero deficiente. Tenho dificuldades motoras, mas levo muito bem a minha vida, com a ajuda da família e dos amigos. Nasci em São Miguel do Oeste- SC, e com 8 anos me mudei p/ São Carlos-SP, p/ fazer tratamentos na UFSCar e Tbm faço acompanhamento na AACD. Qdo tinha 9 anos, ganhei do prof. Carlos Castro (Carlão), da fisio da UFSCar,o uniforme do Palmeiras. Sou um torcedor fanático Meu sonho é conhecer o time do Palmeiras. Eu sou fã do Marcos e do Pierre, Tenho muita admiração por eles, pois mesmo com as seguidas lesões que sofrerão,eles sempre dão a volta por cima.Eles parecem comigo ,N desistem nunca! Nos jogos do Palmeiras, eu fico ansioso mesmo antes de começar a partida. Fico muito nervoso durante o jogo, mas vibro a cada boa jogada do meu Verdão. Se sai gol então, nem se fala! Meu coração verde e branco as vezes sofre, mas agüenta as emoções Um abraço Marcinho Palmeirense

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

O Medo - Carlos Drummond de Andrade

Em verdade temos medo.
Nascemos escuro.
As existências são poucas:
Carteiro, ditador, soldado.
Nosso destino, incompleto.
E fomos educados para o medo.
Cheiramos flores de medo.
Vestimos panos de medo.
De medo, vermelhos rios
vadeamos.
Somos apenas uns homens
e a natureza traiu-nos.
Há as árvores, as fábricas,
Doenças galopantes, fomes
Refugiamo-nos no amor,
este célebre sentimento,
e o amor faltou: chovia,
ventava, fazia frio em São Paulo.
Fazia frio em São Paulo...
Nevava.
O medo, com sua capa,
nos dissimula e nos berça.
Fiquei com medo de ti,
meu companheiro moreno,
De nós, de vós: e de tudo.
Estou com medo da honra.
Assim nos criam burgueses,
Nosso caminho: traçado.
Por que morrer em conjunto?
E se todos nós vivêssemos?
Vem, harmonia do medo,
vem, ó terror das estradas,
susto na noite, receio
de águas poluídas. Muletas
do homem só. Ajudai-nos,
lentos poderes do láudano.
Até a canção medrosa
se parte, se transe e cala-se.
Faremos casas de medo,
duros tijolos de medo,
medrosos caules, repuxos,
ruas só de medo e calma.
E com asas de prudência,
com resplendores covardes,
atingiremos o cimo
de nossa cauta subida.
O medo, com sua física,
tanto produz: carcereiros,
edifícios, escritores,
este poema; outras vidas.
Tenhamos o maior pavor,
Os mais velhos compreendem.
O medo cristalizou-os.
Estátuas sábias, adeus.
Adeus: vamos para a frente,
recuando de olhos acesos.
Nossos filhos tão felizes...
Fiéis herdeiros do medo,
eles povoam a cidade.
Depois da cidade, o mundo.
Depois do mundo, as estrelas,
dançando o baile do medo.

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